Tenho alguma confiança com o meu corpo, com o meu physique, e possuo algum conhecimento de causa e alguma causa de conhecimento sobre o que representa o meu corpo. Pode dizer-se que tenho boas relações com ele, mesmo com aquelas partes que não gosto tanto. O meu espelho também aprecia o meu corpo ao ponto de demorar a devolver o respectivo reflexo - parece que o meu espelho deseja o meu corpo, quer ficar com ele todo para si.
Já o mesmo não posso dizer sobre a minha cabeça que é a mesma coisa que dizer sobre a minha mente. Às vezes, a minha cabeça é ingrata e esquece-se daquilo que a sustenta: o meu corpo.
Ela fecha-se em si mesma e convoca uma reunião à porta fechada com todos os pensamentos lá dentro. Por vezes, os ânimos ficam exaltados nessas reuniões intermináveis e ficam todos muito cansados, seja a cabeça, seja o corpo. Os meus olhos ficam distantes, o tom de voz enfraquece, os meus pés andam mais devagarinho. Numa derradeira tentativa, os pensamentos tentam hipnotizar-se entre si, coisa que é algo idiota e não faz muito sentido. É uma competição para ver quem o mais forte, o mais resistente, quem tem o coiso maior. Há um, no entanto, que parece ser o mais resiliente e ao mesmo tempo mais ruidoso. Quer dominar sobre os demais pensamentos, quer ter toda a atenção, há qualquer coisa de egocêntrico neste pensamento. Este pensamento não suporta esta coisa chamada emoção. É como azeite e água, não se misturam. Assim que uma emoção se liberta do corpo, este pensamento perde força e deixa de ser o CEO dos pensamentos.