sábado, dezembro 30, 2017

Os meus três sobrinhos




Tenho três sobrinhos que vêm visitar-me todos os dias. São apenas miúdos, mas houve uma altura que não os suportava. Custa-me falar assim de crianças, mas é uma libertação incrível poder afirmar isto. Sim, confesso, odiava-os, não os suportava. Quando se juntavam, eram capazes de coisas terríveis, coisas que não lembram ao diabo. No início, tinha medo, entrava em pânico, sentia-me quase obrigado a abrir a porta. Se não o fizesse,  passavam todo o santo dia a tocar à campainha ou a dar pontapés na porta. Quando finalmente cedia, quando lá os deixava entrar, destruíam tudo. A casa ficava num caos. Tentava entretê-los, alinhava nas brincadeiras deles, mas chegava ao fim do dia exausto. Se os ignorasse, berravam como porcos no matadouro. Um inferno. Os putos estavam possuídos. Cheguei a ir à bruxa, confesso. De nada valeu. Quase que tinha um esgotamento, cheguei a temer pela minha vida. A sério.
"Porra, que gajo tão fraco, deveria ser comigo. Como é que três chabalos podem ser tão pestes, não tens pulso neles? E um par de estalos, não?"
Vocês definitivamente não conhecem os meus sobrinhos. Às vezes, dava comigo a pensar que eram pequenos psicopatas de tão retorcidos que eram, mas a verdade é que não passam de crianças. E as crianças devem ser amadas. Incondicionalmente. Resolvi aceitá-los tais como eram, abraçá-los, dar-lhes todo o meu amor. Foi um processo lento, mas está a dar os seus frutos. Deveriam vê-los agora. Parecem três anjinhos.

segunda-feira, dezembro 25, 2017

quinta-feira, dezembro 21, 2017

The Black Crowes - Remedy



Onde estão os meus?

quarta-feira, dezembro 13, 2017

Tao Te Ching

 "O Mal não é uma força à qual devemos resistir. É simplesmente uma opacidade, um estado de auto-absorção que não está em harmonia com o processo do Universo.
A luz não atravessa a janela suja."

"Lieber Vater"

Nos diários, Kafka escreve:
“Os pais que esperam gratidão dos seus filhos (inclusive há os que a exigem) são como agiotas; os pais até gostam de arriscar o seu capital, contanto que recebam juros
por ele."

domingo, dezembro 10, 2017

Adoro a Nina

quarta-feira, dezembro 06, 2017

A adaga com cabo de jade

Durante dois anos - eu repito, dois anos - uma senhora amiga da minha mãe cismou em arrancar o seu olho direito com uma adaga com cabo de jade. A adaga era do seu pai que falecera há precisamente dois anos. Ao longo desses vinte e quatro meses, esta mulher não pensou em mais nada. Pelo menos foi aquilo que a minha mãe me disse e não tenho a minha mãe como mentirosa. Foi a paixão da sua amiga, a sua obsessão, aquilo que a sua mente lhe dizia para fazer. A minha mãe escutava-a e dizia-lhe para "ganhar juízo", Deus escutava-a e não lhe dizia nada, o diabo sorria, o seu anjo custódio acompanhava-a, o seu marido sofria em silêncio, o monstro das bolachas encolhia os ombros.
Até que uma bela manhã, enquanto barrava o seu molete com manteiga dos Açores, deixou cair a faquinha ao chão. Agachou-se, pegou na inofensiva faca e olhou para ela. Imaginou o apetrecho do seu marido, lambeu a ponta e sorriu.
"Que parvoíce", disse baixinho.
A fantasia tinha chegado ao fim.

sábado, dezembro 02, 2017

Série Tarot

O Mago