quarta-feira, outubro 28, 2009

Os espantalhos de Chiloé

Antes de se fazerem ao mar para as grandes fainas, os pescadores das aldeias a sul de Puerto Montt usavam espantalhos para afugentar maus espíritos e serpentes do mar. Estes espantalhos eram bastante maiores do que os seus "primos" de terra e eram colocados em pequenas mas robustas jangadas de araucária que depois eram pintadas de vermelho vivo. Os pescadores acreditavam que os espantalhos choravam sangue quando alguém perdia a vida no mar. Os rostos dos espantalhos eram bastante semelhantes aos moais, as estátuas da distante ilha da Páscoa - alguns estudiosos suportam a tese de que os espantajos de Chiloé estão na origem das gigantescas estátuas.

terça-feira, outubro 27, 2009

Até prova em contrário

eu também sou um neoluddita, Lily.

sexta-feira, outubro 23, 2009

Histórias russas

No 31 de Outubro, 22h00, Galeria Santa Clara, em Coimbra, pela voz de Vitor de Sousa & Rui "Manuel" Amaral.
Mais info sobre isto & novos horários da linha TGV do Douro,
aqui.

sexta-feira, outubro 16, 2009

Greguerias*

  • O bidê é o parente atacarrado e tarado da banheira.
  • Os quadros que tapam os cofres na parede são sempre medíocres.
  • O coelho é um predador sexual.
  • Os pilotos estão sempre em greve porque têm medo que lhes nasçam penas.
  • A tartaruga das Galápagos é o T5 das tartarugas.
  • Jesus Cristo tinha doze guarda-costas e esqueceu-se de pagar a um deles.
  • Os minibares dos hotéis deveriam ter minibarmen. Mais emprego.
  • Os suicidas que se lançam à frente do comboio gostam de ler nas entrelinhas.
  • Pré-requisito para ser velho: queixar-se de tudo e de todos.

    * Esta lenga-lenga é minha e não do seu Ramon. Apenas pedi emprestado o rótulo literário e ele disse que sim, que podia ser.

segunda-feira, outubro 12, 2009

Três de uma só vez



Esse infeliz de Arras passava os dias a folhear revistas de homens e mulheres peladonas (Pt Br) e de tanto olhar e tocar apanhou um pé-de-atleta que se espalhou pelo corpo todo. Quem mo disse foi a senhora dona Cândida que parece estar a sempre a par da desgraça alheia.

O sargento-artilheiro valão matou uma companhia inteira só nessa noite. Foi condecorado com várias medalhas. Era cego de nascença mas nem por isso deixava de olhar olhos nos olhos. O seu velho comandante - que também via mal - chamou-o para ler Montaigne e Rabelais, pois o sargento sabia as obras de trás para a frente. Assim mesmo, de trás para a frente.

A nova majorette causou uma viva impressão ao moço do tambor que pegou nela com um braço enquanto tocava com o outro. O rapazola do bombo ficou pasmado com a perícia do moço do tambor e lançou-os ao ar sem nunca deixar de bater nas peles. O chefe da orquestra era o homem mais forte da vila e arremessou-os a todos aos céus. Os homens dos andores que vinham atrás pousaram os santos e levaram a pequena fanfarra aos ombros até ao adro. Foram todos picados por mosquitos, mas ninguém desafinou.

sexta-feira, outubro 09, 2009

Space Oddity




...7 6 5 4 3 2 1 Lift off!

Já está. Meio ano e tal de exploração espacial e de alunagens, e fiquei sem sobrancelhas como o senhor da canção.

quarta-feira, outubro 07, 2009

O casamento tardio

Já passava das onze e meia da noite quando me bateram à porta. Mal entra o Outono, tenho o hábito de lavar bem os pés, com pedra-pomes e sabão azul. É o meu ritual de entrada para os dias cinzentos. "A estas horas?", pensei. Sequei-me contrariado e dirigi-me ao hall. Espreitei pelo olho mágico e abri a porta.
- Boa noite! Aqui estamos conforme o combinado - disse o noivo.
- Boa noite, o combinado era às 19h, não realizo cerimónias depois da hora do jantar - disse-lhe irritado - Toda a gente sabe que dá azar.
- Por favor, temos os nossos convidados à nossa espera - pediu a noiva, carregando nos s e abrindo as vogais.
- A senhora é checa, não é? E aposto que é de Ústí nad Labem, não?
- Sim! Como é q...
- Entrem lá que está a fazer corrente de ar.
Os noivos sorriram e entraram para a sala.
- Aguardem só um momento, volto já - informei-os.
Fui buscar um jarro de água de quente e uma toalha à casa-de-banho, e voltei para junto dos clientes.
- A menina das alianças? - perguntei.
- Já está a dormir...a minha irmã não deixou - respondeu o noivo.
- Hmmm...o senhor é francês? Da Normandia, certo?
- Não, sou de uma aldeia de Ribeira de Pena, mas já vivo há quatro anos na cidade - e sorriu, exibindo uns magníficos dentes.
- E nunca esteve em França? - tornei a perguntar, não me dando por vencido.
- Nunca!
Verti a água a fumegar na bacia, sentei-me na poltrona e comecei a tactear a água com o pé esquerdo que é o mais calejado.
- Ora muito bem, vamos a isto.