Uma recitadora de males alheios decidiu testar os meus medos mais profundos.
Fê-lo de uma forma inconsciente, quase ingénua, e, por isso, não lhe guardo rancor.
A mulher pensava que estava a ajudar-me, mas teve o efeito contrário, deixou-me angustiado.
Quando entrei na sala, estava "bem", a minha dor era "doce", não era amarga, mas quando sai, tropecei nos meus próprios pensamentos e quase me esbardalhava pela escada abaixo.
Esta mestra de agulhas (vou designá-la desta forma) é eficiente na parte prática/técnica, mas a narrativa deixa um pouco a desejar. É pouco ético falar sobre o estado de outros pacientes.
O meu corpo furado pelas agulhas ficou consternado, vergado como se me tivessem acrescentado mais carga sobre as costas.
Após a dita sessão, procurei clareiras de paz, de reconciliação interior, mas a minha mente dizia-me:
"Não e não!"
Naturalmente, vou reter uma lição muito profunda desta experiência "terapêutica". Imaginem-se velhas linhas de comboio que esperam pelo próximo comboio sob um sol inclemente e, de repente, levam em cima com intermináveis carruagens de carga que quase vomitam toneladas de carvão e ferro e que a qualquer momento podem descarrilar.
É claro que estou a exagerar. Bom..., ou talvez não.
Somos todos pontos de contacto, somos todos espelhos uns dos outros.
Moral da história (de alguém que é avesso a "morais da história"):
Se sentirem alguma fragilidade ou vulnerabilidade por parte do outro, escolham bem as palavras e não as sacudam sobre essa pessoa como se fosse algo inútil e descartável.
Ok?
Ok.