Aldemir MartinsIX
Ai que estou perdido
num fundo de mato espantado mal-acabado
Me atolei num útero de lama
O ar perdeu o fôlego
Um cheiro choco se esparrama
Mexilhões estão de festa no atoleiro
Atrás de troncos encalhados
ouço guinchos de um guaxinim
Parece que vem alguém nesse escurão sem saída
- Olelé. Quem vem lá?
- Eu sou o Tatu-de-bunda-seca
-Ah compadre Tatu
que bom você vir aqui
Quero que você me ensine a sair desta goela podre
- Então se segura no meu rabo
que eu lhe puxo
(...)
"Cobra Norato", Raul Bopp