Muitas pessoas têm-me dito que tenho de escutar o coração - já escrevi neste espaço sobre isso -, preciso de escutar a minha criança interior, de dar ouvidos aquilo que ela guardou durante anos a fio, sozinha. Que estes pensamentos ou medos são apenas ilusões, devaneios, fantasias (o que queiram chamar) para me distrair do meu propósito - escutar e cuidar da minha criança interior.
Normalmente, uso metáforas e imagens para tratar destas coisas, mas hoje não vou fazê-lo.
Por exemplo, poderia escrever algo como isto:
Estou num terreno cheio de toupeiras: aparece uma, ameaço dar-lhe uma paulada, ela desaparece pela toca abaixo para, mais ao lado, aparecer uma outra toupeira noutro buraco. E ando nisto, nesta caça à toupeira. Vou chamar estes animais irritantes de toupeiras-pensamento.
É uma imagem pueril, quase inocente, que transmite na perfeição o meu padrão mental.
Mas hoje, parece-me que ao abordar o tópico de uma forma mais ou menos literario-infantil (o leitor decide!), estou também aqui a usar um subterfúgio, um mecanismo de escape. Alguns dirão que não, mas hoje sinto isso.
A Aceitação desempenha aqui um papel importante. Mas creio - sem qualquer tipo de pretensiosismo ou arrogância - que já estou na fase seguinte. Mas até isto, esta minha abordagem (não pretendo tornar este texto em algo de foro filosófico-existencial, não é a minha "praia", asseguro-vos) é uma forma de racionalizar a coisa. Uma racionalização ad eternum, ad nauseum. É claro que isto causa exaustão.
O que eu sinto que tenho de fazer é SENTIR. A dor, a mágoa, a angst. Que vem do peito, num ponto entre os chamados chacras cardíaco-solar.
Não posso andar numa caça desenfreada e obsessiva de toupeiras no meu quintal a que chamo de Mente, porque isso não me leva a lado nenhum. E talvez, e apenas talvez, em vez de me distrair com estas toupeiras-pensamento que me desgastam, talvez eu deva escavar a fundo, ir além destes túneis labirínticos para apurar a causa-mãe (ou a causa-pai) da questão. Por algum motivo que me ultrapassa, ainda não o consigo fazer. Pelo menos, por agora*.
*Como acabaram de ler, acabei por não cumprir aquilo que me propus: não usar imagens para descrever o que me vai na Alma. Até isto é mais forte do que Eu.