Gostaria de descrevê-los esses "inimigos" (que curiosamente podem ser vistos como "arautos" ou "mensageiros") como cavaleiros negros e terríveis, ou criaturas ou monstrinhos bizarros com tentáculos e mais não sei o quê, mas não são.
Aparecem-me do nada estes entes sem forma, invencíveis à primeira vista e então ao longo de um bom bocado travam-se batalhas. Que me parecem às vezes um ritual, uma dança estranha de avanços e recuos.
Não são embates físicos, não existem castelos nem campos de batalha, cenários de guerra, não há casualidades a registar como se costuma dizer nas notícias.
Já foram travadas milhões de batalhas iguais a esta ao longo dos séculos - desde que o Homem é Homem, desde que se tornou um ser ciente, vulnerável. E depois degeneraram em escritores, poetas e filósofos.
(Estou a brincar como é óbvio).
Pode ser a mais solitária e a mais difícil das batalhas - como tudo na vida, é uma questão de perspectiva, de ângulo de abordagem, de como se olha para o tabuleiro de xadrez.
Um pormenor que me intriga: este vosso templário (oh que imagem tão nobre eu encontrei, tão grandiosa, tão altiva!) tem a estranha tendência para absorver medos e memórias que não lhe pertencem. Poderia ser um super-poder se ele soubesse gerir a coisa, mas é uma arte que terá de aperfeiçoar. É aqui que os inimigos desconhecidos atacam de uma forma quase insidiosa, ardilosa.
Confusos? Eu também. Mas aposto que pelo menos um dos meus milhares dos leitores já travou estas batalhas interiores.
Jogo a carta Tarot do dia - que mais poderia ser: a Morte. Talvez a mais poderosa das cartas dos Arcanos Maiores. Lidar com aquilo que mais temo. Fim de ciclo, início de novo ciclo, regeneração após a transição. Sensação de esmagamento, de confronto que não pode ser evitado. Deixar para trás a velha pele como as serpentes.
É pela ferida que entra a Luz, dizia alguém.