Capa do livro "Teatro" de A. Blok (1909)
(...)
V
Tens uma cicatriz no pescoço,
Kátia, a cicatriz de uma facada.
No peito, Kátia,
tens uma unhada fresca!
Eh, eh, dança!
Que pernas tão bonitas!
Levavas roupas de rendas;
por que não agora?
Fodias com oficiais,
por que não agora?
Fode, fode!
O coração salta-me no peito!
Recordas, Kátia, aquele oficial,
Que não se salvou da navalha…
Não te lembras dele?
Ou não tens a memória fresca?
Eh, eh, refresca-a,
mete-me na cama contigo!
Polainas cinzentas levavas,
e tomavas chocolate,
ias p’rà cama com cadetes…
Agora vais com soldados?
Eh, eh, peca, peca!
Vais sentir a alma mais leve!
Tens uma cicatriz no pescoço,
Kátia, a cicatriz de uma facada.
No peito, Kátia,
tens uma unhada fresca!
Eh, eh, dança!
Que pernas tão bonitas!
Levavas roupas de rendas;
por que não agora?
Fodias com oficiais,
por que não agora?
Fode, fode!
O coração salta-me no peito!
Recordas, Kátia, aquele oficial,
Que não se salvou da navalha…
Não te lembras dele?
Ou não tens a memória fresca?
Eh, eh, refresca-a,
mete-me na cama contigo!
Polainas cinzentas levavas,
e tomavas chocolate,
ias p’rà cama com cadetes…
Agora vais com soldados?
Eh, eh, peca, peca!
Vais sentir a alma mais leve!
(...)
Aleksandr Blok, Os Doze, in "Poetas Russos"
Trad.: Manuel de Seabra
Relógio d'Água
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