Consegui arrastar-me até à casa de deus onde pude finalmente encontrar o alívio para o meu prolongado sofrimento. A canícula que se fazia sentir naquela tarde não me deixava respirar. Como é sabido, deus (através do homem, já se sabe), protege a sua casa com as suas mãos, em forma de concha, o que faz com que todas as igrejas, capelinhas e ermidas sejam lugares bastante aprazíveis no Verão, onde o ar é mais fresco, convidando assim a um recolhimento abnegado.
Sentei-me no último banco, limpei o suor da testa e descansei, mais aliviado. Porém, tive de me levantar logo de seguida, pois comecei a sentir umas picadas na zona lombar. Estes bancos de madeira não são propriamente ergonómicos, nem foram feitos para o ser, claro está.
À medida que deambulava pela nave central, comecei a contemplar a arte sacra. Perguntei a mim mesmo como é que poderia haver tantas nossas senhoras. Impressionou-me particularmente uma pintura de S. Sebastião trespassado por flechas. De súbito, um clarão de luz irrompeu diante de mim, deixei de ver e senti uma força tão grande sobre a minha cabeça e sobre os meus ombros que me fez prostrar diante do altar...