quinta-feira, agosto 25, 2005

Mais uma nota do mesmo velho safado


Sidney Goodman

Simplesmente não existe muita mudança em lugar nenhum. A coisa em Praga escaldou um monte de gente que havia esquecido a Hungria. Eles passeiam pelos parques com o ídolo de Che, com fotografias de Castro em seus amuletos, fazendo OOOOOOOOMMMMMOOOOOOOMMM enquanto William Burroughs, Jean Genet e Allen Ginsberg os lideram. Esses escritores ficam delicados, malucos, uns cocozinhos, umas fêmeas - não homos mas fêmeas - e se eu fosse tira eu não hesitaria em lhes cacetear os seus cérebros confusos. Enforquem-me por isso. O escritor das ruas está tendo a sua alma chupada como um caralho pelos imbecis. Existe apenas um único lugar para se escrever e é SOZINHO numa máquina de escrever. Um escritor que tem que ir para as ruas é um escritor que não conhece as ruas. Eu já vi um número suficiente de oradores de fábricas, puteiros, prisões, bares e parques para os quais seriam necessários 100 homens e umas 100 vidas. Sair para as ruas quando você tem um NOME é fazer o caminho mais fácil - eles mataram Thomas e Behan com seu amor, seu uísque, sua idolatria, sua buceta e eles de certa forma assassinaram pelo menos a metade de uma centena de outros. QUANDO VOCÊ DEIXA SUA MÁQUINA DE ESCREVER VOCÊ DEIXA A SUA METRALHADORA E OS RATOS SURGEM AOS BORBOTÕES. Quando Camus começou a dar palestras perante as academias a sua escrita morreu. Camus não começou como palestrante, começou como escritor; não foi um acidente de automóvel que o matou.

"Notas de Um Velho Safado" (Ed. Brasileira), BUKOWSKI, Charles