quinta-feira, junho 23, 2005
St. Paul e Isso Tudo
Matisse
St. Paul e Isso Tudo
Completamente embaraçado e sorrindo
entro
sento-me e
encaro o frigorífico
é Abril
não Maio
é Maio
pequenas coisas que têm de se assegurar de manhã
depois das grandes coisas da noite
queres que eu venha? quando
penso em todas as coisas em que tenho pensado sinto-me louco
apenas a "vida em Birmingham é o inferno"
apenas "sentirás a minha
falta mais isso é bom"
quando as lágrimas de uma geração inteira forem reunidas
não encherão mais que uma chávena de café
só porque se evaporam
não significa que a vida tenha calor
"este sonho vário de viver"
estou vivo contigo
cheio de gozos ansiosos e ansiedade gozosa
dureza e suavidade
ouvindo enquanto falas e falando enquanto lês
leio o que tu lês
tu não lês o que eu leio
o que está certo, eu é que tenho curiosidade
tu lês por certa razão misteriosa
eu leio apenas porque sou um escritor
o sol não se põe necessariamente, por vezes só desaparece
quando aqui não estás alguém entra e diz
«oh,
não há dançarino nessa cama»
Ó os verões Polacos! esses esboços!
esses dentes pretos e brancos!
nunca vens quando dizes que vens mas por outro lado é certo que vens
Frank O'Hara, "Vinte e cinco poemas à hora do almoço"
Trad. José Alberto Oliveira
Assírio & Alvim