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Sunrise with Sea Monsters, J. Turner
- Posso dizer agora quantas frinchas tem o estore do meu quarto, se não o fechar por completo: vinte e oito. Desvio o olhar para a parede da frente e consigo distinguir três pontos na parede, por entre as sombras que bailam no meu quarto de domingo de manhã. Tento uni-los tropegamente, formo um triângulo. Lembro-me então que Geometria era suportável, mas Álgebra passava-me ao lado. Repito este exercício vezes sem conta, não consigo arranjar motivos para me levantar. Não trabalho hoje, por isso não vou chegar atrasado. Ouço sem esforço a música do rádio-despertador dos vizinhos. Não posso garantir que estejam a faze-lo, sempre me distraíam, mas os chatos dos Pink Floyd não me deixam ouvi-los. Apesar de dormir de tronco nu, afasto o lençol para o lado, sinto calor.
Fecho os olhos e tento adormecer mais uma vez.