quinta-feira, março 05, 2020

José



O José é um ser pensante. O que é que eu quero dizer com isto? Que o José gosta de pensar muito e às vezes não escuta aquilo o que algumas pessoas designam de "a voz do coração". Não, eu não sou o José. Às vezes, os escritores projectam a sua voz através de um personagem, mas não é este o caso. Eu não sou um ser pensante no sentido mais "puro" da palavra. Dou por mim a escutar a voz do meu coração. Para ser verdadeiramente honesto convosco e comigo, sou um ser híbrido: escuto tanto a voz da minha mente como escuto a voz do meu coração.
Mas voltemos ao José.
O José tem o chamado "rio de pensamentos" dentro da cabeça. E sofre um pouco com isso. É um rio muito caudaloso. A sua barragem mental foi mal concebida e agora é tarde de mais. A cabeça do José apresenta várias fissuras e não consegue controlar os pensamentos que escapam rio abaixo. E é um rio estranho este. O José confessou-me (somos amigos de há longa data) que, de vez em quando, achava que era um cachimbo e que estava a ser fumado pelo próprio pai. E isto não é nada. Noutro dia, disse-me que era também recorrente pensar que, num destes dias, vai acordar com uma hiena a seu lado. 
Estes são apenas dois exemplos dos pensamentos do José. 
Naturalmente, José é um nome fictício. Usei este nome para proteger a identidade do meu querido amigo.