sexta-feira, junho 27, 2008

Djuna

Djuna está sentada na velha poltrona que o pai incestuoso lhe deixara. A velha biblioteca esfumaçada pela boquilha é o seu casulo durante o dia. Aguarda fatalmente pela cantora que vai saciar os apelos inúteis da carne. Ainda em jejum, vê da longa janela orelhas, torsos, melenas, dentes projectados no céu sanguíneo pelo pôr-do-sol. Vê também o seu pai a cavalgar no ar uma carpa com cara de monge, seguido em baixo por um lobo furtivo com patas de carneiro. Um grupo de camponeses ajoelha-se, vomitam notas desafinadas com flautas enterradas no cu até ao Ré. De repente, batem à porta. Dionísio põe a língua de fora enquanto sodomiza cabras e virgens florentinas de olhos azuis, perto de um pequeno precipício. Santo Antão era o seu pai.