sexta-feira, dezembro 19, 2025

Sombras

 (...) Uma estrada sinuosa que se faz numa noite de bruma onde pontualmente aparecem candeeiros para iluminar o caminho. Olho lá para fora, através do para-brisas, e vejo sombras a mexerem-se que parecem - parecem - merecerem a minha atenção. Estas sombras são familiares. São chatas, reincidentes. Fazem de tudo para atraírem a minha atenção. O meu cérebro funciona assim. Desço o vidro e inspiro varias vezes o ar frio da noite e sinto uma espécie de "estalar" existencial até ao osso. 

"Outra vez" penso eu para com os meus botões de madrepérola.

Acelero mais um pouco. O Volvo responde-me à altura.

Admiro-me tanto por ser um mamífero raro.