quinta-feira, novembro 30, 2017

Continuo a adorar o Zé Pedro



Vem ninguém vê
O que tem
Só vê o que não tem.

Das gretas

Dos meus calcanhares nascem gretas. Das gretas nascem raízes. A partir das raízes, a energia da terra sobe até à copa, até à cabeça. Da cabeça, brotou este fruto, este textinho. O textinho é colhido e trincado por vós. Alguns poderão achá-lo cítrico, outros doce, talvez farinhento, haverá ainda alguns que poderão achá-lo demasiado verde.
Talvez uma boa parte - os mais telúricos, enraizados - poderá achar que eu tenho de tirar as gretas com pedra-pomes e dedicar-me a coisas mais práticas, como, por exemplo,




.

segunda-feira, novembro 27, 2017

O atol da Felicidade

Encontrava-me numa daquelas praias paradisíacas onde tudo é azul, verde e dourado. Palmeiras, coqueiros, vegetação luxuriante numa ilha do Pacífico Sul. Não era bem uma ilha, era mais um atol. Todos aqueles que eu considerava meus amigos e minhas amigas estavam nesse atol. Gaugin era o salva-vidas, estava no alto daquelas cadeiras-girafa de vigilância. Freud estava sentado com os pés cruzados aos pés da cadeira, usava um fato branco, Fedora na cabeça e fumava o seu eterno charuto. Albatrozes grasnavam e voavam recortados em padrões escherianos sob o céu de um azul impossível. Enfim, o paraíso na Terra.
 
Os meus amigos tiraram as roupas e começaram a explorar os corpos alheios, a lamberem-se numa pantagruélica orgia de registo oral, sem qualquer insinuação de coito ou outro tipo de manobra física mais invasiva. Estavam proibidos por Gaugin. Freud largava espirais de fumo com a boca e de vez em quando coçava a barba. Os ventres morenos das minhas amigas reluziam e os ombros e tríceps dos meus amigos contraiam-se e dilatavam-se de forma compassada. O meu amigo mais casto (não vou dizer o nome dele como certamente compreenderão) exortava-os à virtude, ao resguardo moral, mas foi logo abocanhado pela minha amiga mais voraz. Ficou todo ensalivado de prazer e um esgar de êxtase ondulou o seu rosto e deitou-o por terra. A minha amiga lambeu o canto da boquita, soltou uma gargalhada e voltou para o resto do grupo. Aquele cenário era um verdadeiro manifesto de línguas e bocas, de pele suada. Havia cestos de maçãs e cerejas espalhados pela praia.
 
Esperem. O que se passa aqui? Enterrei a mão na areia fina. Mas isto não são grãos de areia. O que significa isto?! Centenas de pastilhas de Xanax e Prozac escorriam entre os meus dedos. A praia era um enorme depósito farmacêutico. Fingi-me chocado, encolhi os ombros e juntei-me ao grupo.

quinta-feira, novembro 23, 2017

Série Tarot

O Mundo

quarta-feira, novembro 22, 2017

Faço a vénia ao sr. Prince




De repente, tive a visão de Prince a perguntar ao Arcanjo Raziel:
"Onde fica a minha suite?"




segunda-feira, novembro 20, 2017

Como é que nunca pensei nisto antes:

Oficina de Teta Lírica.

Mas adaptado para homens. Sem "tetas".
Obviamente.

domingo, novembro 19, 2017

Im Nin'alu

אם ננעלו דלתי נדיבים דלתי מרום לא ננעלו
Im nin'alu daltei n'divim daltei marom lo nin'alu
Ainda que os portões dos ricos estejam fechados, as portas do Céu nunca estarão fechadas.

Retirado do poema "Im Nin'alu" (אם ננעלו‎) do rabi Shalom Shabaz, o poeta nacional do Iémen (século XVII), imortalizado por Ofra Haza, a minha exótica paixão da adolescência.

Parece que está a vir tudo ao de cima agora.

Gosto muito de Mansun

quarta-feira, novembro 15, 2017

Actos ilícitos

O meu coração está assombrado por fantasmas e por paixões, a minha mente foi arrombada por ladrões, grizzlies e indigentes com maus fígados que reviraram tudo. "A fucking mess", como dizem os neozelandeses. Ando quase sempre no passado, quase sempre no futuro, nunca no presente.

Mas a parte mais recôndita do coração diz-me para amar todos de forma incondicional. Que só assim a gatunagem perde o interesse e vai-se embora. Excepto a D. Paixão. Não se pode amar a Paixão, ou pode?

Sim, não passo de um ressacadito por adrenalina.




Série Tarot

Valete de Paus

terça-feira, novembro 14, 2017

Curiosidades

1. Segundo a minha aplicação de Hagiografia, o dia de hoje é consagrado ao Santo Homembom.

2. Descobri que a sigla "OCD" - para além do transtorno sobejamente conhecido, "Obsessive Chocolate Disorder", em inglês - pode significar ainda "Ordem dos Carmelitas Descalços" em Português.

segunda-feira, novembro 13, 2017


domingo, novembro 12, 2017

Um dia de sol

Tudo aponta que amanhã seja mais um belo dia de sol.
Vou deixar a minha camisa de forças em casa e vou usar e abusar do meu monoquíni prateado pela praia fora. 
Talvez me esfregue com algas para limpar a minha pele de macho alfa e apanhe alguns bivalves. 
Talvez comunique com traques com os velhotes que estão no meio das rochas e através de um incrível fartstorm encontremos a cura para o cancro da próstata. 
Talvez até seduza algumas senhoras que passeiam os cãezinhos e me envolva em maratonas de sexo (sem os cãezinhos) e acabe nas urgências, todo amassado. 
Apelo a todos os comerciais, negros, professores, pediatras, gestores de conta, filipinos, serventes, marceneiros, alferes milicianos, white trash, designers, torneiros mecânicos, etc a fazerem o mesmo. Insurjam-se contra o sistema, carago. Viram o que fizeram no Pantagruel..., desculpem no Panteão? Clap, clap. É isso! Façam o mesmo, mas melhor! Comam onde lhes der na real gana! Façam amor incondicional nas nossas belas praias antes que cobrem a entrada! Dunas são como divãs. Big Bang Beaches. Façam corar o John Holmes e a Traci Lords (sim, deixei de ver porno há algum tempo. Isto é rigorosamente verdade). Se morarem longe da praia, em vez de incêndios, façam sexo desenfreado nas bouças, nas matas, nos pinhais. Enquanto o fazem, não deixem de escutar o chilrear dos passarinhos, deixem-se observar pelas raposas-vouyeurs, deliciem-se com as cores dos gaios e das pegas rabudas. Quero ver camaleões uns em cima dos outros.
Bom. Se forem impotentes ou frígidas, dancem o fox trot ou funk da favela. Sejam verdadeiros comandantes da dança. Não importa.

sábado, novembro 11, 2017

Adoro ainda a Lykke Li





Um sol dançante rodeado por planetóides, luas e um buraco negro.

quinta-feira, novembro 09, 2017

Pequeno-almoço de campeões

Hoje tomei um pequeno-almoço de campeões: chazinho de Victan com mirtilos. Hmmm. Saboroso, relaxante e diurético. Acompanhado com tostas barradas com manteiga de amendoim.
Quando me dizem que o Victan é sublingual, eu penso sempre na parte de baixo da minha língua a dar estalos sobre uma linda vulva a cheirar a coco. Não sei porquê.*

*Por favor, tenham sempre em mente o nome deste blogue. As pessoas são muito ingénuas. Algumas coisas são verdade, outras são apenas fruto do terreno fértil da minha imaginação (em pousio, neste momento) fertilizado com o adubo da minha cognição.**

** Onda avassaladora de sentimento de culpa. Nem sequer deveria estar a dizer isto. Os meus leitores são muito sagazes. Uns são pleidianos, outros são de Sirius.

domingo, novembro 05, 2017

Adoro também o Dave


sábado, novembro 04, 2017

A morte difícil (reedição ne varietur)

René Crevel




















Crevel: "Vá, corta-me."
Faca: "Não. És demasiado bonito, demasiado duro para te cortar. És o pior pesadelo de uma faca."
Crevel: "Não me deixas grandes alternativas. Vou apanhar o primeiro barco para a ilha de Jerséi, há muitas facas lá à procura de trabalho."
Faca: "Estás a dizer-me adeus?"
Crevel vira-lhe as costas, a Faca hesita, mas não faz nada. Crevel bate com violência a porta.
A Faca fica imóvel durante uma hora a olhar para a porta. Depois, num acto desesperado, espeta a cabeça contra um coração de boi que estava em cima da banca da cozinha.