Hoje é dia de São Pedro e por isso decidi ir a São Pedro da Cova almoçar. Mandei vir o famoso "goulash" à moda de São Pedro da Cova de que toda a gente fala. O guisado tinha sido afogado numa espécie de molho de cor antracite. O único funcionário da Casa Macedo poderia ser irmão gémeo do R. Quaresma, não fossem os óculos e o bigode à J. Joyce. Apenas três mesas estavam ocupadas, o empregado aproveitava todas as pausas no serviço para escrevinhar numa imitação de Moleskine.
"Hoje, forasteiro de ar pretenciosamente misterioso, blusão Levi's
genuinamente gasto, goulash & verde tinto. Demasiado polido para o
padrão local. Julga que sabe tudo sobre nós, mas não sabe. Deixa ficar
metade da comida do prato. "Café curtinho", gorjeta de cinquenta cêntimos. Que
odioso, que miserável. Não pede factura com NIF, oh que magnânimo!
Despede-se como se voltasse cá amanhã. Mas quem é que
ele pensa que é, este suburbano? Aí vai ele no seu comercial branco para o
seu T1+1 em Valbom ou no cu de judas onde ele mora. Mas que miserável
tão miserável, o paladino dos miseráveis, aí vai ele."
"Hoje, forasteiro de ar pretenciosamente misterioso, blusão Levi's
genuinamente gasto, goulash & verde tinto. Demasiado polido para o
padrão local. Julga que sabe tudo sobre nós, mas não sabe. Deixa ficar
metade da comida do prato. "Café curtinho", gorjeta de cinquenta cêntimos. Que
odioso, que miserável. Não pede factura com NIF, oh que magnânimo!
Despede-se como se voltasse cá amanhã. Mas quem é que
ele pensa que é, este suburbano? Aí vai ele no seu comercial branco para o
seu T1+1 em Valbom ou no cu de judas onde ele mora. Mas que miserável
tão miserável, o paladino dos miseráveis, aí vai ele."