sexta-feira, junho 29, 2007

É a lançadeira dos versos

É a lançadeira dos versos
o tear do mal
o zigzag sorridente
dos pontos de sutura.
Se o mundo é um pano encharcado
embebido em morte
cose-o docemente
não o apertes
não deixes fugir a substância
que o mantém unido
sustém a respiração
faz passar o fio
liga se puderes aquela água
ao remendo visível
que me estraga o casaco.

In "A Espinha do P", Valerio Magrelli
Trad. Colectiva, Poetas em Mateus
Quetzal