segunda-feira, abril 09, 2007

Aguardo

Aguardo pacientemente a crise de meia-estação. Tão certa como a Ressureição. Como uma colónia de ácaros que se instalou na velha carpete vermelha da avó e que não quero de modo algum desparasitar. Não sou funcional.
De olhos postos no céu azul (os anjos usam GPS?), estou na margem à espera do incansável barqueiro que traz grinaldas na barcaça em vez de bóias laranja. A brisa quente orquestra negros tambores que ribombam ao longe. Alguém puxa pelo meu casaco. A criança ao meu lado diz-me ao ouvido que este rio não tem nome e que os afluentes são lágrimas de mulheres abandonadas. A corrente é forte.