O Monte Atos. A montanha é a ponte que
pode unir a Terra e o Céu. Ao contemplarmos o seu cume do sopé, desejamos subir
até ele, desejamos fazer essa travessia vertical, porque achamos que iremos
estar mais perto da Eternidade. E quando o homem atinge por fim o cume, a
divindade revela-se ao homem. Abraão levou o seu filho Isaque ao Monte Moriá
para ser sacrificado. No último momento, um anjo aparece e impede que o pai
mate o filho: Abraão passou no teste de Fé. Foi também no pico do Monte Sinai
que Moisés recebeu as Tábuas da Lei com os Dez Mandamentos escritos pelo dedo
do próprio Deus; Jesus subiu várias vezes ao Monte das Oliveiras para orar e
pregar levando consigo os apóstolos; e finalmente "carregando Ele mesmo a
sua cruz, saiu para o assim chamado Lugar da Caveira, que em hebraico se diz
Gólgota."; a Santíssima Trindade é representada, muitas vezes, sob a forma
de triângulo equilátero que lembra a forma de uma montanha. O Monte Olimpo, ali
"ao lado", trono dos titãs e dos deuses do panteão grego. O Monte
Kailash nos Himalaias onde mora Shiva e onde as pedras rezam. Machu Picchu, a
cidade perdida dos Incas. O Monte Atos e os seus imponentes mosteiros, os seus
anacoretas que vivem isolados do mundo para estarem mais próximos de Deus.
O misterioso Monte Atos, a
"Montanha Santa", ou ainda o "Jardim dos Virgens", onde
está vedada a entrada a qualquer representante do sexo feminino, seja mulher,
cadela, gata, égua, capivara, etc.* Esta lei é o avanton e diz que a Montanha Sagrada de terra não pode ser
profanada com a presença do género feminino: "que o seu acasalamento não
forneça um espectáculo bizarro para as almas que detestam todas as formas de
indecência".
* Não, leitora, não estou a espicaçá-la, o meu bolbo raquidiano é frágil, não dá
para mais, apenas controla o momento em que devo mastigar e o momento em que
devo chorar e agora sei que não me apetece chorar, porque não quero que me
chame de misógino. Amo todas as mulheres deste mundo.