O segundo caminho para a Loja de Cima é o Caminho das Garrafas. Os vinhateiros da Ramada Alta e os donos das caves resolveram ajudar as pessoas que viviam no Monte e mandaram construir um caminho com garrafas vazias. O Caminho das Garrafas tem cerca de duzentos metros e atravessa os armazéns onde o vinho do Porto envelhece até à Loja de Cima onde os trabalhadores dos armazéns terminam o dia de trabalho a beber vinho a sério. São milhares de garrafas antigas que foram empilhadas e cimentadas e é o caminho mais usado pelas pessoas que vivem aqui. Quando parte alguma garrafa, é logo substituída por uma nova pelo responsável que é escolhido antes de fim do ano. Todos os dias, essa pessoa está encarregue de ver se há garrafas partidas ao longo do caminho, pois as pessoas que escolhem o caminho das Garrafas devem percorrê-lo sempre deitadas, é uma tradição muito antiga aqui no Monte, isto é-nos ensinado quando começamos a dar os primeiros passos. No Inverno, é bastante difícil passar pelo Caminho das Garrafas, a chuva molha as garrafas que ficam escorregadias e perigosas, podemos perder o controlo e magoar-nos contra as paredes de pedra dos armazéns, mas, no Verão, é muito agradável, gostamos de sentir o vidro quente das garrafas debaixo de nós, eu e os meus amigos passamos horas a rastejar e deslizar por cima das garrafas, serpenteamos, tocamos com os nossos corpos nos dorsos e nos gargalos das garrafas que não foram tapadas, os sexos dos mais velhos incham, os manos Guerra, o Sérgio Grande, o Pica, o Cabeças, o Jorge Tainha e os primos Baios deixam-se ficar no Caminho até o sol se pôr para depois brincarem às escondidas com o sexo nos gargalos, desejam fundir-se com as garrafas, fingem que já são adultos, gemem ali ao sol, mas fazem-no com muito cuidado, com muita delicadeza, pois as garrafas podem partir e cortar-lhes as jóias da coroa.
sexta-feira, outubro 16, 2015
O Caminho das Garrafas
O segundo caminho para a Loja de Cima é o Caminho das Garrafas. Os vinhateiros da Ramada Alta e os donos das caves resolveram ajudar as pessoas que viviam no Monte e mandaram construir um caminho com garrafas vazias. O Caminho das Garrafas tem cerca de duzentos metros e atravessa os armazéns onde o vinho do Porto envelhece até à Loja de Cima onde os trabalhadores dos armazéns terminam o dia de trabalho a beber vinho a sério. São milhares de garrafas antigas que foram empilhadas e cimentadas e é o caminho mais usado pelas pessoas que vivem aqui. Quando parte alguma garrafa, é logo substituída por uma nova pelo responsável que é escolhido antes de fim do ano. Todos os dias, essa pessoa está encarregue de ver se há garrafas partidas ao longo do caminho, pois as pessoas que escolhem o caminho das Garrafas devem percorrê-lo sempre deitadas, é uma tradição muito antiga aqui no Monte, isto é-nos ensinado quando começamos a dar os primeiros passos. No Inverno, é bastante difícil passar pelo Caminho das Garrafas, a chuva molha as garrafas que ficam escorregadias e perigosas, podemos perder o controlo e magoar-nos contra as paredes de pedra dos armazéns, mas, no Verão, é muito agradável, gostamos de sentir o vidro quente das garrafas debaixo de nós, eu e os meus amigos passamos horas a rastejar e deslizar por cima das garrafas, serpenteamos, tocamos com os nossos corpos nos dorsos e nos gargalos das garrafas que não foram tapadas, os sexos dos mais velhos incham, os manos Guerra, o Sérgio Grande, o Pica, o Cabeças, o Jorge Tainha e os primos Baios deixam-se ficar no Caminho até o sol se pôr para depois brincarem às escondidas com o sexo nos gargalos, desejam fundir-se com as garrafas, fingem que já são adultos, gemem ali ao sol, mas fazem-no com muito cuidado, com muita delicadeza, pois as garrafas podem partir e cortar-lhes as jóias da coroa.