quinta-feira, fevereiro 28, 2013

A Verdade Profana


O Cisma do Extremo Ocidente

As preces do poderoso lobby dos emigrantes do Luxemburgo e da Suíça foram ouvidas. O Colégio dos Cardeais elegera finalmente um papa português.
O povo rejubilou de alegria e o governo decretou três dias de festejos. Por quem os sinos dobram? Pelo novo papa que é português. Até a sineta da mais pequena capela reboou até estalar os últimos tímpanos do último aldeão. Até a Sininho de Pedro Pah tilintou de felicidade, embora ninguém conseguisse escutá-la, nem mesmo Pedro Pah, pois já contava com uma idade avançada. Mas logo a alegria se transformou em tristeza, de imediato os sorrisos se converteram em lágrimas como se os olhos das pessoas tivessem sido espremidos em espremedores de citrinos. O recém-eleito papa, Gregório XXX, tinha um irmão gémeo que também era ministro de Deus: furioso com o orgulho e a ingratidão do seu irmão de Roma, auto-proclamou-se anti-papa do alto da torre da sua igreja matriz. Fragmentino I obteve o apoio importante dos leigos em part-time e de catequistas a recibos verdes, prometendo-lhes contratos a termo e descontos para a caixa. O mundo católico dividiu-se, a unidade cristã foi quebrada. Passaram cinquenta anos sem que nada de relevante tivesse acontecido. Por fim, os dois irmãos papas chegaram a acordo naquele que ficou conhecido como o Concílio dos Papas de Sarrabulho. (...)

"A Verdade Profana",
Guisa Cruel Milho