sexta-feira, maio 20, 2011

Seres Imaginários e Mitológicos da Lapónia - I parte


O Bahááhpecizaš (ou "alle alle diabrete") é uma pequena ave mitológica que faz o ninho na cabeça dos lenhadores que adormecem à sombra de lariços ou pinheiros. É considerado um bom agoiro, sobretudo para lenhadores casados ou comprometidos. Estes têm por hábito guardar os ramos ou tufos do ninho numa caixa de pinho para que as suas mulheres lhes sejam sempre fiéis.


Se um lenhador perdido na floresta encontrar um Lulli Vuovderuoigu, bem pode saltar de alegria. O Lulli Vuovderuoigu ("cabrito-montês virado para o sul") indica sempre o Sul, tal como um pointer aponta para a presa. Há, porém, relatos de lenhadores que nunca mais foram vistos, talvez porque confundiram o Lulli Vuovderuoigu por um vulgar cabrito-montês. O animal mitológico ostenta uma distinta mancha branca em forma de L entre os chifres, enquanto que o vulgar cabrito-montês poderá exibir outras letras do alfabeto, mas nunca um L. O índice de analfabetismo dos lenhadores é um dos mais elevados na Lapónia.


Diz-se que a Ávlu Veahttačáhceguolli é a última encarnação da alma de uma bela jovem que cantava tristes melodias. O seu amante partiu rumo às grandes florestas do norte para nunca mais voltar. Um dia, a jovem não suportou o desgosto e atirou-se ao rio. O seu corpo nunca mais fora resgatado. A Ávlu Veahttačáhceguolli ("truta castanha que canta") salta para as pedras do rio e canta melodias de caixinha de música na esperança que apareça o seu jovem amante. Esta lenda deu origem aos famosos e curiosos "singing fish", artigos de decoração populares no norte da Europa e na América do Norte.


O Beana Bearjadat tem o pêlo preto e macio, e um focinho que parece estar sempre a sorrir. Apesar de roerem as botas de trabalho, os lenhadores gostam muito deste imponente cão mitológico. Aparece sempre às sexta-feiras, pelo crepúsculo, indicando o fim de uma semana de trabalho. É acarinhado pelos lenhadores, que têm por hábito deixar-lhe carne de rena seca na véspera. Antigamente, se o fabuloso cão não aparecesse, tal significaria que o patrão iria pedir ao lenhador contratado para trabalhar durante o fim-de-semana, o que - provavelmente - irritaria o lenhador.