quinta-feira, maio 05, 2011

O melhor método




Schiller mantinha uma cesta de maçãs podres debaixo da secretária, pois gostava de sentir o seu cheiro quando escrevia poesia. Vítor Hugo entregava todas as suas roupas a um empregado, admoestando-o para NÃO lhe devolver a roupa até que ele (Hugo) terminasse o seu trabalho diário. Orhan Pamuk costumava despedir-se da mulher de manhã como se fosse para o emprego. Saía, caminhava alguns quarteirões e depois regressava a casa como se estivesse a chegar ao escritório. Devo dizer que tentei os métodos destes mestres e nenhum deles resultou, nem mesmo o do contramestre Raymond Queneau que, antes de se propor a escrever, tinha por hábito trincar às escondidas cebolas bravas em elevadores. "Se o elevador tiver grades corrediças, tanto melhor", dizia. "O abrir-e-bater violento das grades ajuda-me a pontuar, a arrebanhar orações (...) E se as pessoas me perguntam porque é que estou a chorar, descrevo uma novela medíocre que será o ponto de partida para a excelência que vou escrever".