quarta-feira, março 09, 2011

Muito silêncio por nada

Nota introdutória:
A peça passa-se no dias de hoje e tem mais do que três actos. O cenário é uma tela com o fundo do Odeón de Paris, há seis filas de cadeiras em palco.


Acto I

Todos os personagens da peça entram em cena, um a um, e sentam-se nos respectivos lugares. Burburinho. Tosse. Risos abafados. Silêncio. Os personagens olham para o público. O público, se Deus quiser, olha para os personagens.

Acto II

Ofélia tosse. Ricardo II sai para uns instantes.

Acto III

Os Dois Nobres Parentes trocam sorrisos entre si e apontam para uma senhora espectadora da 3ª fila. Ricardo II volta ao seu lugar.

Acto IV

António (o mercador de V., não o de Cleópatra) tira um moleskine do bolso do casaco e faz algumas anotações. Gratiano, Solanio, Salarino e Salerio bocejam de forma sequencial, da esquerda para a direita. Salerio parece estar enviar uma sms no Blackberry.

Acto V

Silêncio.

Acto VI

Silêncio interrompido pela respiração asmática do Duque Frederick que faz como lhe aprouver.

Acto VII

Otelo levanta-se e vai-se embora visivelmente aborrecido. Mais trinta e um minutos de silêncio. O Green Lantern também sai e todos o imitam.

O Rei Ubu, que se encontra no meio do público, vaia e atira as calças para o palco em forma de protesto.


Fim da peça.