Gosto muito do apartamento que o meu falecido marido me deixou. É numa zona bonita da cidade, com muitas árvores, as ruas estão sempre limpas. Só não gosto de uma coisa: das reuniões de condomínio. Não tenho idade nem paciência para aturar pessoas feias. A minha única exigência como condómina era ter o espelho do elevador só para mim. Os meus vizinhos são demasiado feios para usarem um espelho daqueles, não merecem. Não me fizeram a vontade. Uma recém-viúva não pode ser contrariada e por isso tratei de avariar o espelho. Eles ficaram fulos, porque o espelho fazia-os mais bonitos e mais elegantes do que realmente são. Mas abri uma excepção.
Ele ainda não sabe, mas o espelho reflecte apenas os lindos e generosos guizos do jovem porteiro que sempre foi muito simpático e muito educado para mim. Ele merece.