O gandulo desceu as escadas de madeira do velho prédio e, mal pôs os pés na rua, foi bombardeado com dezenas de carteiras, anéis, braceletes, relógios e outros objectos de valor. As pessoas riam com os olhos esbugalhados enquanto atiravam os seus pertences e as mais frágeis entraram em convulsões de tanto rir. Até o guarda-freio parou o eléctrico para lhe atirar os trocos que tinha na gaveta de metal. O gandulo voltou a subir as escadas de madeira, entrou em casa, pensou durante uma, duas semanas no sucedido e decidiu fundar uma seita.
- Que nome irei dar à minha seita?
Stendhal. Só lhe vinha à cabeça o nome Stendhal. Lembra-se de ter lido Stendhal quando era mais novo, mas porquê agora Stendhal?
- Pois bem, assim seja, vou baptizar o meu culto de "Estendhalismo"!
(O nosso herói é brasileiro).
A Igreja Estendhalista, depois de um período evangelizante muito próspero, viria a fechar as portas, porque todos os fiéis passivos de Cat. B apanharam a terrível febre muar que grassava impiedosamente naquela região.
O gandulo perdeu a sua fé e voltou à antiga actividade.