Um cara-de pau e um cara-de-cu aguardavam pela sua vez na sala de espera do Inferno. O cara-de-cu estava um número à frente do cara-de-pau e, de tão contente que estava, escrevia versos mal ditos num papel timbrado com um tridente. Enquanto esperava pelo seu proficiat, o cara-de-pau tentava acalmar os nervos, contando as cornucópias do velho papel de parede que apresentava já algumas pontas descoladas.
"Quanto a ti não sei, meu farsante", disse o cara-de-cu, "mas eu, mais do que ninguém, fiz por merecer o meu lugar aqui!"
O cara-de-pau saiu do transe em que estava mergulhado, olhou para o cara-de-cu e pregou-lhe um beijo na cara-nádega, e continuou a contar as belas cornucópias. O cara-de-cu transformou-se então num belo sapo encantado.
Aparece finalmente a terrível virago que brada aos infernos pelo número do cara-de-cu. O cara-de-pau olha para o seu tickete, encolhe os ombros e retoma a contagem. Não se atreve a dar um beijo à terrível virago que ainda hoje chama pelo número do cara-de-cu.