Amo demasiado o seguinte texto para tê-lo só para mim.
Dois compassos rivais cruzaram-se a meio da principal rua da aldeia que delimitava as respectivas jurisdições.
- A vossa sineta foi roubada da pensão mais rasca, parece um besouro! - berrou o testa de ferro de um dos gangs pascoais.
- E o vosso crucifixo, Deus meu?! Tem um Cristo sorridente, onde já se viu? - replicou o segundo da hierarquia do outro compasso.
E logo ali teve início a troca de galhardetes. As velhas sentadas nos bancos do adro levantaram-se e começaram a benzer-se em gestos sucessivos, invocando o nome de Deus. Os rapazolas pararam de jogar à bola e correram em direcção à pequena Aljubarrota. O louco da aldeia, que este ano se vestira de coelho, trocava carícias com a filha do dono do café que tinha ar de inglesa, enquanto os homens se riam cá fora com um copo de tinto na mão.