sábado, março 14, 2009

O Velho Gaiteiro - Cap. II

O Velho Gaiteiro levava aquilo a que se podia chamar uma vida desregrada. O dia de amanhã não existia para o Velho Gaiteiro que vivia cada segundo como se fosse o último. Aos seus cansados mas lindos olhos a Moral era um conceito filosófico retrógrado e mortificador. Um dia, o velho Gaiteiro apaixonou-se por uma governanta quarentona que era uma senhora com princípios morais muito rígidos. Embora pusesse pétalas de rosa no peito todos os dias, era, por outras palavras, muito pouco viciosa. O Velho Gaiteiro viu a sua vida a andar para trás e, como tinha muitos jovens seguidores chistosos que o viam como um mestre de poucas cerimónias, resolveu instaurar um processo contra a amada por fraude passional e abuso de desconfiança. A senhora incorreu nas boas graças do juiz que a declarou inocente até ao osso. O Velho Gaiteiro foi condenado a morrer de desgosto e assim o fez. O mito nasceu. A constelação do Velho Gaiteiro pode ser vista nos céus do hemisfério sul naquelas noites de lua cheia que convidam à Paixão.