isto aconteceu-me
uma vez:
uma jovem magiar
entrou na minha boca
agarrou-se
ao meu coração
e dançou dançou
rodopiando
com a língua
desviei o olhar:
a minha cabeça
cortada no
ecrã do bar
escorria
pelo balcão
os homens riam alto
e as senhoras
seguravam
as suas bocas
em casa
a língua áspera,
hermética de
Celan lambia-me
as feridas
enquanto dormia