quinta-feira, maio 26, 2016
sábado, maio 14, 2016
Adão & Eva
2º Frente do nº 24 do Condomínio Edén. É hora de jantar, o casal conversa.
- E então, amor, gostaste do jantar?
- Sim, o bife estava mal passado tal como eu gosto, amor.
- E o vinhinho que te comprei? Estava em promoção, mas é bom não é?
- Sim, tem uma cor muito viva. Aromas florais combinados com frutos vermelhos e silvestres. Um final de boca prolongado e complexo.
- Por falar em fruta, vais querer sobremesa? Só temos maçãs.
- Já acabou o bolo de bolacha?
- Já...
- Que desconsolo. Não quero nada, vou tirar o café.
- Mas temos de comer as maçãs senão apodrecem, amor.
- Tens razão, mas não gosto dessas maçãs, são muito farinhentas.
- Ai são? Para a próxima, compras tu as maçãs.
- Pronto. Chega-me aí uma maçã, então.
- Não tens perninhas? Levanta-te e vai tu buscá-la.
- Oh meu Deus. Está bem, eu vou buscar o raio da maçã. Obrigado.
- De nada.
- E então, amor, gostaste do jantar?
- Sim, o bife estava mal passado tal como eu gosto, amor.
- E o vinhinho que te comprei? Estava em promoção, mas é bom não é?
- Sim, tem uma cor muito viva. Aromas florais combinados com frutos vermelhos e silvestres. Um final de boca prolongado e complexo.
- Por falar em fruta, vais querer sobremesa? Só temos maçãs.
- Já acabou o bolo de bolacha?
- Já...
- Que desconsolo. Não quero nada, vou tirar o café.
- Mas temos de comer as maçãs senão apodrecem, amor.
- Tens razão, mas não gosto dessas maçãs, são muito farinhentas.
- Ai são? Para a próxima, compras tu as maçãs.
- Pronto. Chega-me aí uma maçã, então.
- Não tens perninhas? Levanta-te e vai tu buscá-la.
- Oh meu Deus. Está bem, eu vou buscar o raio da maçã. Obrigado.
- De nada.
terça-feira, maio 10, 2016
Bad Boy Boogie
terça-feira, maio 03, 2016
Adenda ao Terceiro Segredo de Fátima
lustração: Rui Ricardo |
I
A IRMÃ dormiu durante quase toda a viagem do convento ao aeroporto.
Tinha encostado a cabeça ao vidro e adormeceu embalada pelo monocórdio
do taxista. Quando respirava, deixava escapar pela boca um ruído que
parecia brita a ser pisada por um adulto e por um rapazito. O taxista só
parou de falar quando se apercebeu pelo retrovisor que a sua cliente ia
a dormir, os óculos graduados da freira balouçavam-lhe castamente na
pontinha do nariz. Mas a irmã não estava a dormir; resolveu fechar os
olhos quando estavam a passar pela zona de Condeixa, o taxista não
parava de falar sobre o único neto que por acaso se chamava Francisco.
Era o orgulho incurável dos avós (pelo menos até atingir os dez, onze
anos, depois a história seria outra), e a criança nem sequer era um
vidente credenciado. O taxista mudava de tema como se estivesse a
engatar velocidades, começou a falar sobre o sistema educativo, sobre a
uber e depois fez uma ponte pertinente com as touradas, tópico que é
quase sempre do agrado dos taxistas. Dedicou algum tempo ao assunto ou,
se preferirem, cerca de uns quinze, dezasseis quilómetros. Uma Nossa
Senhora de Fátima pequenina pairava no centro do tablier. Antes de
“adormecer”, a irmã Lúcia pediu silenciosamente perdão à Virgem por
aquilo que ia fazer.
Texto na íntegra aqui.
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