segunda-feira, março 02, 2015

O sonho



Vou contar-vos o sonho que tive esta noite. 
Ia com a minha mãe numa daquelas velhas camionetas dos Carvalhos, da UTC, daquelas que estão a cair de podres e que encharcam o ar de fumo preto, íamos já a meio da viagem, quando resolvi confirmar com o motorista que era russo se a camioneta ia mesmo para Ecaterimburgo; ele disse que não, que só ia até Perm. A minha mãe começou a mandar vir comigo, "estás a ver, estás a ver, o que é que eu te disse? Tu nunca me ouves", começou a esbracejar a dizer que queria sair, ela bem me tinha avisado que tínhamos entrado na camioneta errada. O motorista travou a fundo, um grupo de hospedeiras de bordo que ia lá trás foi projectado para a frente, era cada uma melhor do que a outra, metiam todas a Irina, a ex do R7, no bolso, as lindas hospedeiras ficaram prensadas no vidro da frente e começaram a disparar insultos para o motorista. A minha mãe e eu estávamos mesmo atrás do lugar do motorista que se virou e olhou para os meus pulsos; muito calmamente, desapertou a bracelete do meu Rolex, enfiou-o no bolso, voltou-se e piscou-me o olho pelo retrovisor. Arrancamos. Olhei lá para fora, árvores e mais árvores que aborreciam de morte a paisagem. A minha mãe já dormia com a boca aberta, acabei por adormecer também.
Alguém me puxava pelo braço e dava tabefes meigos para me acordar. Olhei atarantado para o lado. Em vez da minha mãe, vi a minha mulher a sorrir para mim, estávamos outra vez parados. A camioneta estava vazia. O motorista russo estava lá fora a ver a pressão do pneu careca com a bota texana. À nossa frente, uma placa branca dizia "Serzedo".