vem para dentro
foge do sol forcado
dos compadres secos
bestas da canícula
peles de chaparro
e rabos-de-porco
dos olhos que disparam
rápido
montarias de línguas
torcidas de javali
homens de verde
galhardos
bebem
cospem bocados
de ensopado
cães cães
e mais cães
faz como eu
sacude as moscas
com a cauda
não te esqueças
tentaste plantar
bromélias e roseirais
para marcar a tua presença
o calor abafou-as
nesta paisagem do nada
a noite
é escrita
aos poucos
adormeces de mãos
abertas azuis
ao som hipnótico
das cigarras
que o luar esfaqueia
ao longe
um portão chia
e deixa entrar um
pedaço de paz
nesta despida noite
de setembro