sábado, setembro 15, 2007

Alentejo

vem para dentro
foge do sol forcado
dos compadres secos
bestas da canícula
peles de chaparro
e rabos-de-porco
dos olhos que disparam
rápido
montarias de línguas
torcidas de javali
homens de verde
galhardos
bebem

cospem bocados
de ensopado
cães cães
e mais cães

faz como eu
sacude as moscas
com a cauda
não te esqueças

tentaste plantar
bromélias e roseirais
para marcar a tua presença
o calor abafou-as
nesta paisagem do nada

a noite
é escrita
aos poucos
adormeces de mãos
abertas azuis
ao som hipnótico
das cigarras
que o luar esfaqueia

ao longe
um portão chia
e deixa entrar um
pedaço de paz
nesta despida noite
de setembro