- O nosso corpo é como uma ampulheta. Temos de fazer o pino de vez em quando para que as ideias acumuladas nos pés regressem à cabeça.
- O Rei Ubu nasceu quando a mãe de A. Jarry lhe pediu para ir colher mirtilos ao bosque e ele chegou a casa com o cesto cheio de tâmaras. Em França não ha tamareiras.
- A minha mulher gosta que eu durma com mitenes. Diz ela que lhe faz lembrar a sua ama quando a embalava.
- Na minha aldeia usam cascas de caracóis em vez de telhas e as pessoas têm os olhos muito salientes.
- O nosso primeiro faz lipoaspiração e doa a massa adiposa a fábricas de sabonetes. O povo deveria queixar-se menos.
- O serviço de apoio ao cliente da Igreja deixa muito a desejar.
- O meu segredo com as mulheres é este: um pouco de água salgada no pulso esquerdo e um pouco de água com açúcar no pulso direito.
- Os miúdos da catequese adoram o novo padre. Em vez do fazer o sinal de cruz, ele passa a missa a desliza o anelar no ar como se estivesse a usar um smartphone.
- Uma vez vi dois homens abraçados na Ponta de Sagres. Foi numa excursão da escola; era pequeno na altura, mas tenho a vaga ideia que um chamava-se Infante e o outro Henrique.
- As pessoas cospem para o chão para que nasçam cuspideiras. A madeira é boa para fazer consolas e aparadores. A polpa do fruto é usada por uma conhecida marca de sumos.
- Os homens-bomba auferem de bons salários. Mas se não forem pontuais, o empregador pode recusar a prestação do dia de trabalho e, se for prática recorrente, podem ser despedidos por justa causa.
- Enquanto estofador, tenho um ódio de estimação: Soeiro Pereira Gomes.
- Gosto de fazer pequenas bolinhas com o cotão que tiro do meu rego. Depois atiro aos pardais que usam-no para fazer os ninhos. Faço parte do ecossistema.
- Ao contrário do que se diz por aí, Mishima nunca pôs os pés em Andorra.
- Perdi a cabeça quando me apaixonei pela quarta vez. Nunca mais voltei a encontrá-la.
- Quando chega o fim do mês, tenho sempre a sensação que vários príncipes e princesas vivem à minha custa.
- O meu gato está tão grande, tão grande, que pega com os dentes pelo meu cachaço para me dar comida.
- A democracia em Portugal é mágica. Coelhos que saem da cartola e portas que andam por esse mundo fora.
- Tenho amigos que cheiram a estábulos e já não é de agora.
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Rev. Alban Butler |
"Quando estava sozinho, ele lia; quando estava com alguém, ele lia; às refeições, ele lia; nas suas caminhadas, ele lia; quando ia numa carruagem, ele lia; quando andava a cavalo, ele lia; fosse o que fosse, ele lia."
Charles Butler (sobrinho de Alban Butler)