segunda-feira, outubro 31, 2011
sexta-feira, outubro 28, 2011
Série Xoodíaco - Ampulheta (02 Março-01 Abril)
Desenho de Miguel Moreira
Os nativos deste signo fazem os
possíveis para serem funcionários exemplares. Nunca se atrasam nem nunca se
adiantam e raramente pedem atestados médicos para poderem repousar uma ou duas
semanitas. As suas qualidades laborais são incomparáveis. Se as contas da sua
empresa estiverem nas mãos de um Ampulheta,
é provável que o barco ainda se aguente por mais algum tempo antes de ir completamente
ao fundo (a insolvência da empresa foi provocada por “clientes que se esqueceram
de pagar a cento e trinta dias - o conselho de administração oral fez tudo o
que estava ao seu alcance para salvar a empresa”). Nunca fazem horas
extraordinárias, porque:
1. Não foi isso o combinado quando foi contratado
2. Não precisam de o fazer, dado que são muito eficientes e proactivos.
1. Não foi isso o combinado quando foi contratado
2. Não precisam de o fazer, dado que são muito eficientes e proactivos.
Não
se deixam enganar por promessas falaciosas de aumentos no final do ano e de
pagamentos por fora. Quando a esmola
é grande, o Amp. desconfia. Têm de
ver a cor do dinheiro. O seu 11º Mandamento é:
-Não aceitarás cheques pré-datados.
Uma das características mais vincadas dos Amp. é a sua obsessão por roupa. Mudam
de camisa várias vezes ao dia e fervem de prazer quando o fazem. São capazes de
perder a pose ao ponto de abraçar ou até roubar um beijo ao patrão se este usar
um fato Armani ou Zegna. Não conseguem ver estafermos mal amanhados. Cuidado leitor!
Não faça guizos de valor precipitados, trata-se de uma maleita
hereditária. Uma boa parte da população Amp.
sofre da síndrome de Brummel: a sua visão filtra naturalmente criaturas mal
vestidas ou fora de moda.
A sua sensibilidade face à indumentária faz
pandam com a sua indiferença perante os que não estão na moda. À noite, veste
o robe de seda e fuma a sua cigarrilha blasé,
encarnando um Decadentismo algo mascavado.
O Amp. tem a
perfeição no gesto, é muito equilibrado nas suas escolhas. É enfadonhamente
previsível e tem horror a imprevistos. Se gostou da organização de certa
agência de viagens, será seu cliente até morrer, ainda que a Benidortour organize sempre pacotes
turísticos para o mesmo destino, todos os anos. Se apreciou o atendimento de um
restaurante recomendado por um amigo (que nunca mais lá voltou), é bastante
provável que leve lá a namorada ou esposa todas as semanas do ano (para grande regozijo da consorte).
Vê-se
como uma espécie de vedeta e modelo a seguir no seu pequeno mundo. É uma forma semi-inconsciente
de se desligar da sua realidade pequeno-burguesa. Selecciona cuidadosamente o
seu círculo de amigos. Categoriza-os de acordo com a sua idade, peso e estatuto
social. Gosta de ler revistas femininas que incluam amostras de perfumes e devora
best-sellers de capas lustrosas. Não
perde uma única comédia romântica e fica sempre muito admirado com a realização
de ciclos de cinema independente – “quem é que no seu perfeito juízo pode patrocinar
aquilo e, pior ainda, quem é que ainda tem paciência para ver aquilo?”.
terça-feira, outubro 25, 2011
sexta-feira, outubro 14, 2011
Um homem crescido
Um homem crescido não pode beber demais, um homem crescido não pode beber demenos. Caso contrário e, se todos os presentes concordarem, tudo isto poderá acontecer:
- na hora opressiva da siesta, o homem crescido pode abrigar-se numa cesta e adormecer. Se alguém tocar uma melodia melíflua, o homem pode muito bem sair da cesta e dançar ao som da flauta. Com os olhos semi-fechados, faz movimentos ondulantes com o torso e, de vez em quando, põe a língua de fora, sem nunca sair da cesta. A melodia chega ao fim, o homem crescido recolhe-se e continua a sua siesta.
Na verdade, o homem crescido não está a dormir, está a espreitar pelo vime e aguarda que todos regressem a casa. O homem crescido está cheio de vergonha. Mas a vergonha passa e dá lugar à solidão que é a sua fiancée.
- na hora opressiva da siesta, o homem crescido pode abrigar-se numa cesta e adormecer. Se alguém tocar uma melodia melíflua, o homem pode muito bem sair da cesta e dançar ao som da flauta. Com os olhos semi-fechados, faz movimentos ondulantes com o torso e, de vez em quando, põe a língua de fora, sem nunca sair da cesta. A melodia chega ao fim, o homem crescido recolhe-se e continua a sua siesta.
Na verdade, o homem crescido não está a dormir, está a espreitar pelo vime e aguarda que todos regressem a casa. O homem crescido está cheio de vergonha. Mas a vergonha passa e dá lugar à solidão que é a sua fiancée.
quinta-feira, outubro 13, 2011
segunda-feira, outubro 03, 2011
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