sábado, agosto 19, 2006
As baratuchas tintas leguminosas de Van Gogh
(...) As baratuchas tintas leguminosas de Van Gogh desgraçadamente compradas por vinte sous.
Van Gogh escarra sangue, como suicida dos quartos mobilados. As tábuas do chão no café nocturno inclinam-se e fluem como calha em fúria eléctrica. A estreita tina do bilhar lembra o cepo do caixão.
Nunca vi um colorido como este.
E que paisagens - de hortas e revisores de comboio! Acabaram de limpá-las de fuligem dos comboios suburbanos com um trapo molhado.
As telas de Van gogh, que a omoleta da catástrofe lambuzou, são didácticas como material escolar - mapas da escola Berlitz. (...)
"Guarda Minha Fala Para Sempre", Ossip Mandelstam
Assírio & Alvim
sexta-feira, agosto 11, 2006
Voz
Não tinha dinheiro
Penhoraram a minha voz
Sempre fui de poucas falas
Sempre adoptei a voz passiva:
A avó do Capuchinho foi comida pelo lobo
Devolveram-me a minha voz
Mal tratada e em tom mais grave
Gesticulo e esperneio
Durmo nu de cachecol.
Penhoraram a minha voz
Sempre fui de poucas falas
Sempre adoptei a voz passiva:
A avó do Capuchinho foi comida pelo lobo
Devolveram-me a minha voz
Mal tratada e em tom mais grave
Gesticulo e esperneio
Durmo nu de cachecol.
quarta-feira, agosto 09, 2006
Dar-se
Dar-se é quase tão necessário como respirar ou comer. A mãe que amamenta o seu filho está a dar algo de si para que o pequeno sobreviva, para que ela, no fundo, sobreviva também. Mais importante do que receber. Amar.
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