Há uma melodia que a minha mente gosta de tocar uma boa parte do meu dia. Uma melodia pesada, gorda e gordurosa que gosta de montar o meu cérebro para depois entrar e ecoar dentro das suas calosidades e rugosidades.
É muito curioso que eu não escolho o timbre, as notas, o ritmo dessa melodia, ela apenas reproduz-se de forma aleatória, quando menos espero. Enche-me a cabeça por algumas horas do dia o que normalmente quando estou ocioso, sem fazer nada.
É um tema antigo que ressuscitou recentemente de um passado algo distante. Também pode ocupar vivamente o futuro, sem qualquer tipo de permissão nem pudor. Ela assume-se confiante nas notas pesadas e ilusórias quando se apresenta dentro da minha mente.
E de me perguntarem:
"Doce Pedro, e tu gostas dessa melodia?"
"Nem por isso", digo eu.
É um género que não me agrada nada, acrescento.
Mas aqui é que "a porca torce a rabo" como diz o bom povo: eu não posso gostar nem "desgostar" desta velha e repetitiva melodia porque ela precisa de mim para sobreviver, para ecoar aquelas notas pesadas e pesarosas.
Na verdade, e para vos ser honesto, esta música já chateia aqui o doce Pedrinho. Já é hora de ela receber carta de despejo.
A música só pode ser tocada se houver um maestro ou instrumentista que a queira tocar.